No último sábado, 16, o governo brasileiro tomou a liderança das negociações da Rio+20, e a sua tarefa mais urgente era pressionar outras delegações para que chegassem a um consenso no documento final a ser apresentado aos líderes mundiais que chegarão nos próximos dias para a reunião com chefes de estado, entre os dias 20 a 22 de junho. Na noite do mesmo dia, então, o Brasil apresentou uma nova versão do texto, que desagradou muita gente – principalmente organizações da sociedade civil – por ter deixado de fora pontos polêmicos. Por outro lado, o Chefe do Escritório do Secretariado da Rio+20, Nikhil Seth, afirmou em coletiva de imprensa agora a pouco que o texto foi bem recebido pelas delegações.

O “Futuro Que Queremos” – Documento Final

Princípios da Declaração do Rio foram reafirmados, incluindo o das “Responsabilidades Comuns, mas Diferenciadas”. Porém, falta compromisso em relação à transferência de tecnologia e o seu financiamento pelos países desenvolvidos. Nesse ponto, o Brasil tomou o lado dos países ricos e retirou o fundo proposto pelo G77+China, de 30 bilhões de dólares, para transferência de tecnologia. Adicionalmente, foi proposto a criação de um comitê formado por 30 países para se discutir uma estratégia de financiamento para este desenvolvimento sustentável. Uma delas seria, como afirmou o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, em coletiva de imprensa na tarde dessa segunda, o financiamento através de múltiplas fontes, como fundos de origens privadas e de instituições bancárias.

O Governo Brasileiro e as Nações Unidas esperam que até o fim da noite de hoje, 18, uma versão final do texto seja aprovada. “Estamos absolutamente convencidos de que o texto será concluído essa noite“, disse o embaixador. Os grupos de trabalho estão reunidos desde a manhã de hoje com o objetivo de chegar a um consenso – o que não inclui, necessariamente, discutir os pontos polêmicos. Pelo contrário, o que temos ouvido é que a tendência será continuar retirando os pontos polêmicos e manter as questões mais gerais. Os embaixadores Luiz Alberto Figueiredo e André Correa do Lago e a Ministra Plenipotenciária Maria Teresa Pessoa estão facilitando as negociações, que seguem a portas fechadas com a participação apenas das delegações oficiais.

Na coletiva de imprensa na manhã de hoje, Nikhil Seth pediu que as pessoas fossem um pouco mais otimista e que esperassem até o final do processo que os resultados apareceriam. Ele disse que teremos um documento sólido e coerente com “o futuro que queremos”. Figueiredo anunciou que o próprio Ministro Patriota irá, mais à noite, pronunciar-se sobre o texto final.

Hoje pela manhã, em seu programa de rádio diário, “Café com a Presidenta”, Dilma Rousseff também demonstrou otimismo. Segunda ela, há grande participação de diversos atores no processo da Rio+20 e é esperado que os líderes mundiais comprometam-se com em discutir novas propostas e assumir responsabilidades.

"Todos estão em busca de um caminho para que os países possam manter o crescimento econômico com inclusão social e, ao mesmo tempo, proteger e preservar o meio ambiente. Desenvolvimento sustentável é isso, são esses três verbos: crescer, incluir e proteger", disse a presidente (Folha).

O Brasil recebe o Rio Fóssil

Na noite de ontem, o Brasil recebeu o Rio Fóssil, premiação nada honrosa que é dada aos países que, de alguma forma, estejam bloqueando as negociações ou não estejam trabalhando suficientemente para que elas avancem. O país recebeu a prêmio devido a sua falta de compromisso em estabelecer um documento que abranja questões importantes na discussão de um futuro mais sustentável.

Segundo os organizadores da ação, o Brasil está perdendo a chance de ser a força para aumentar a ambição e aproveitar toda a esperança e confiança que o mundo depositou em seus ombros. “Além do mais, parece que o governo brasileiro está mais focado em finalizar um documento final, mesmo que para isso deixe de lado essa ambição, do que assegurar os resultados que necessitamos“, atestou o apresentador da ação de ontem.

O Prêmio Rio Fóssil é organizado pela Climate Action Network, organização que abrange diversas organizações de todo o mundo na luta contra as mudanças do clima. A premiação é dada diariamente até o último dia das negociações.

Por enquanto, é esperar até a conclusão das negociações – ou não – mais tarde.