Embora o  prazo determinado para encerrar as negociações fosse a noite de ontem, segunda-feira, os delegados dos países-membro da ONU acabaram terminando o texto na madrugada. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, então, anunciou aos jornalistas a entrega do texto.

Em coletiva de imprensa realizada no final da tarde de ontem (18/6) no Rio Centro, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, secretário executivo da Comissão Nacional para a Rio+20 e negociador-chefe do documento final da Conferência, havia feito um resumo rápido do andamento das negociações, que estavam sob a batuta do governo brasileiro, desde que terminou o mandato do Comitê Preparatório  na última sexta-feira, 15/6.

Embora não tivesse muito a informar, o embaixador afirmou que tudo estava avançando bem e  havia uma expectativa positiva para se chegar às fórmulas finais.“Estamos vencendo os obstáculos que ainda restavam. Um exercício de paciência”, disse.

Econômico nas falas, Figueiredo enfatizou que os textos estavam sendo fechados e que seriam ambiciosos para permitir ambição nas ações. “Estamos absolutamente convencidos de que o texto será fechado nesta noite”. O que acabou não acontecendo como previsto.

Perguntado sobre a possibilidade de se estender  o prazo para a entrega do documento, Figueiredo comparou as  negociações a um jogo de futebol: “O tempo regulamentar terminou e estamos na prorrogação. Temos de fechar os textos antes da chegada dos chefes de Estado”.

Entre as questões que estavam em negociação estavam o futuro do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), e a implementação de meios financeiros para o desenvolvimento sustentável. Sobre o Pnuma Figueiredo disse que  o texto falava explicitamente em fortalecer o órgão e em up grade, o que daria margem a alçar o programa a outro patamar. Quanto à implementação dos meios financeiros para o desenvolvimento sustentável o embaixador declarou que estava sendo formatada uma “cesta”, um conjunto de recursos de múltiplas origens, incluindo fundos de origem privada e fundos de instituições financeiras. Para Aron Belinky, coordenador de processos internacionais do Instituto Vitae Civilis, o Brasil escolheu como estratégia chegar a um acordo. O documento final é o acordo possível. “Um acordo com buracos e incertezas”, diz.

O Brasil tinha dois caminhos à frente: baixar o nível de ambição para garantir um documento sem conflitos ou manter um nível de pressão a altura das demandas e mostrar que não seria possível chegar a um consenso. A primeira alternativa foi a escolhida.

“Há um sentimento generalizado, meu, de que essa estratégia é pior. O melhor seria correr o risco e ter uma demanda alta”, avalia. Alguns países manifestaram  desconforto com esse nivelamento promovido pelo Brasil, a União Europeia especialmente, enquanto outros concordaram com a estratégia adotada.

Agora o rascunho zero será entregue aos chefes de Estado – o segmento de alto nível – para que seja aprovado e se torne o documento oficial da conferência.

Por Inês Zanchetta

Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)